G-NEWS (PORTUGAL) — No dia 28 de novembro de 2024, Timor-Leste comemora 49 anos desde a proclamação da sua independência. Este pequeno país, de maioria católica, carrega uma história de resiliência que inspira o mundo. Da colonização portuguesa à invasão indonésia, e finalmente ao reconhecimento como uma nação soberana, o povo timorense enfrentou desafios enormes para garantir o seu lugar entre os países independentes, com os mesmos direitos e dignidade de qualquer outra nação.
Este ano, as celebrações ganham um novo significado, marcado por uma iniciativa histórica de reconciliação nacional. Sob a liderança do Presidente José Ramos-Horta, laureado com o Prémio Nobel da Paz juntamente com Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, e com o apoio do Primeiro-Ministro Kayrala Xanana Gusmão, foi promovido um diálogo com os timorenses que, no passado, apoiaram a autonomia sob a administração indonésia. Este passo audacioso é um convite ao perdão e à união de um povo que partilha uma identidade comum, apesar das divisões políticas do passado.
Reconciliação não é apenas uma palavra bonita; é um ato profundo de coragem e humildade. Implica que aqueles que estavam em lados opostos se sentem à mesma mesa, reconheçam os erros, perdoem e decidam construir juntos o futuro. Este processo é especialmente desafiante em Timor-Leste, onde muitos ainda carregam as feridas da luta pela independência, com a perda de familiares, amigos e comunidades inteiras. No entanto, a realidade mostra sinais de esperança: filhos de timorenses que viveram na Indonésia agora trabalham em Timor-Leste, contribuindo para o desenvolvimento do país. Esta convivência é um lembrete de que, no fundo, todos são timorenses.
O significado deste gesto de reconciliação ganha ainda mais força num país de maioria católica, que recebeu recentemente a visita do Papa Francisco. Será que a bênção do Santo Padre, em setembro, foi uma inspiração para esta iniciativa de união? A reconciliação, vista sob a ótica cristã, é um chamamento a tirar o egoísmo do caminho e a olhar para o outro com os olhos do perdão e da fraternidade. É um momento para os timorenses abraçarem os valores do Evangelho e avançarem como irmãos.
As celebrações deste ano coincidem também com os 25 anos da consulta popular de 1999, um marco que confirmou o desejo inabalável do povo pela independência. Ao honrar esta data e promover a reconciliação, Timor-Leste reafirma o seu compromisso com a paz e a unidade nacional.
Parabéns ao povo Maubere, Timor Lorosae, que celebra mais um capítulo desta história extraordinária.
Perdoar não é fácil; exige força, fé e um coração generoso. Mas é essencial para construir uma nação onde o respeito e a solidariedade prevalecem.
Que este aniversário de 49 anos inspire Timor-Leste a continuar a trilhar o caminho da união, guiado pelos princípios de justiça, paz e amor ao próximo. Que seja um exemplo para o mundo.